A primeira causa de doença cardiovascular e um dos problemas mais importantes de saúde pública, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um fator de risco modificável, que mostra relação direta com o envelhecimento e baixas taxas de controle da pressão arterial.
Estudos mostram, porém, que somente 25 a 40% dos pacientes com HAS aderem ao tratamento medicamentoso e esta situação vem se mantendo nos últimos 30 anos. Assim, medidas não farmacológicas, dentre elas a intervenção educacional com foco na redução do consumo de sal, adoção de dietas saudáveis, prática de atividade física (AF), controle do consumo de álcool e cessação do tabagismo tem sido propostas para melhorar o controle e a adesão desta população.
Mas estudos com população idosa, para avaliar a efetividade desta prática clínica no tratamento da HAS, são muito heterogêneos, o que dificulta a consolidação de evidências.
Um estudo do INCOR teve por objetivo verificar os efeitos da orientação fisioterapêutica, dentro de um programa educacional multiprofissional com foco na qualidade de vida e condicionamento físico de indivíduos idosos hipertensos, pacientes do Ambulatório de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor/HC-FMUSP), que apresentavam um ou mais fatores de risco para DCVs, mas não tinham problemas osteomusculares que os impedissem de se locomover até o hospital e realizar as avaliações.
Dele participaram dois grupos de pacientes hipertensos: idosos de 60 anos ou mais e adultos de18 até 59 anos. Os dois grupos receberam as mesmas orientações e participaram das mesmas práticas promovidas pela equipe multiprofissional – um programa que consistiu de 12 encontros semanais, com duração de 2 horas por um período de 3 meses no qual foram abordados os fatores de risco de DCVs e mudanças de hábitos de alimentação e de vida.
A equipe de fisioterapia orientou os pacientes sobre a prática de caminhada e propôs o registro em um diário de caminhada do tempo e dos dias de prática. A recomendação para ambos os grupos foi caminhar dez minutos na primeira semana e ir acrescentando mais 10 minutos a cada dois encontros, totalizando ao final dos 12 encontros 60 minutos de caminhada diária.
Em todos os encontros os fisioterapeutas verificavam os diários e orientavam os pacientes sobre suas dúvidas ou dificuldades. Durante o sexto encontro os participantes fizeram alongamentos, exercícios aeróbicos e resistidos e receberam um folheto com proposta de exercícios para a prática diária, em casa, além de orientações das enfermeiras sobre risco de queda.
No nono encontro, foram orientados por psicóloga sobre técnica de relaxamento e de respiração lenta para o combate ao estresse.
As orientações fisioterapêuticas dentro de um trabalho educacional promovido por uma equipe multiprofissional através de palestras e práticas que abordaram mudanças de hábito para um estilo de vida mais saudável que refletiu numa melhora da distância percorrida no Teste da Caminhada de 6 Minutos (TC6M).
O grupo de idosos hipertensos respondeu a intervenção com o mesmo desempenho que o grupo de adultos hipertensos mostrando que esta pode ser uma alternativa no tratamento da HAS para esta população. A idade mostrou não ser um fator limitante na orientação do estilo de vida saudável.
Fonte: Divisão Multiprofissional em Prevenção e Terapêutica Cardiovascular do InCor
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